O plano de reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755 marca o urbanismo da 2ª metade do século XVIII. O plano é de autoria de Eugénio dos Santos, tendo um traçado regular e regras de composição bem definidas.
Terramoto de 1755
A segunda metade do século XVIII é marcada pela reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755 que destruiu parte da capital. Como consequência do terramoto deflagrou, por toda a cidade, um violento incêndio que agravou os danos causados. A zona mais afetada foi a Baixa, que possuía uma elevada densidade populacional. Morreram assim cerca de dez mil pessoas nesta catástrofe. Ao terramoto seguiram-se assaltos e pilhagens que aumentaram o pânico dos habitantes.
Gravura de Lisboa que ilustra o terramoto de 1755 – Wikipedia
Planta de Lisboa antes do terramoto – Museu de Lisboa
Plano de reconstrução pombalino
O marquês de Pombal assume então o comando da reconstrução de Lisboa, encarregando Manuel da Maia, engenheiro-mor do reino, de elaborar um plano para a reconstrução da capital.
Manuel da Maia elabora então um relatório – Dissertação (1755-56) – onde apresenta cinco projetos de intervenção na cidade. Considera que a opção por um deles deveria ser feita com base na escolha do local de construção do palácio real. As propostas representam opções de projeto distintas. Vão desde a reconstrução de Lisboa com uma fisionomia próxima à que possuía antes do terramoto, passando por soluções de reconstrução assumindo novas regras de composição do espaço. Propõe igualmente uma atitude radical de construção de uma nova cidade junto a Belém. Segundo Manuel da Maia a reconstrução de Lisboa deveria ser feita num lugar livre, segundo um plano regular, com ruas largas e edifício uniformes.
A proposta escolhida segue as suas ideias, contudo a intervenção incidiria na área da Baixa. O plano de reconstrução é da autoria de Eugénio dos Santos, posteriormente continuado por Carlos Mardel.
Planta Topográfica de Lisboa – Museu de Lisboa
Traçado
Trata-se de um projeto com um traçado regular onde existe uma hierarquia de vias. São definidas três ruas principais que articulam duas praças, Terreiro do Paço e Rossio.
As edificações obedecem a um desenho tipo de fachada adaptado à rua onde se localizam. Ou seja, há uma regra de proporcionalidade entre a altura dos edifícios e a largura das ruas. A organização do interior dos edifícios é deixada ao gosto dos proprietários. Há assim uma preocupação com o conjunto, a malha urbana, e não com o objeto arquitetónico, o edifício.
Cartulário Pombalino – Desenho a tinta-da-china e aguarela assinado pelo Marquês de Pombal. Arquivo Municipal da CML
O desenho do Terreiro do Paço, da autoria de Carlos Mardel, denota um gosto barroco. É evidenciado pelo desenho da praça com arcarias regulares, onde existe um eixo de simetria definido pelo arco do triunfo e pela posição central da estátua de D. José I.
Por outro lado, o plano de reconstrução de Lisboa foi inovador porque introduziu um novo sistema de construção anti-sísmico: a chamada gaiola pombalina. Introduziu igualmente um sistema de saneamento de esgotos e de prevenção de risco de incêndios.
Por último, é importante salientar que a concretização deste projeto só foi possível graças à forma de ação do marquês de Pombal, que criou leis que definiam regras construtivas e dispositivos que controlavam a execução das obras de acordo com o projeto traçado.
Bibliografia
O Plano de Lisboa de 1758 – Walter Rossa – aula à Fac. Arquitetura da Univ. Técnica de Lisboa, 2010
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Artigo publicado em 2012.06.28 | Republicado em 2019.03.11